*__Ponte aérea__*
Uma gringa paulista metida a besta trocando cartas confidenciais com um carioca metido a esperto.

quinta-feira, janeiro 02, 2003

<Bia Singer> Breath in, breath out

Sim, eu também estou me sufocando para passar na cintura da ampulheta. Respirar tem sido tão difícil quanto jogar xadrez sem olhar para o tabuleiro.

Difícil mas não impossível. Sairemos vivos desta apnéia. </Bia Singer> <!--6:03 PM-->

<Bia Singer> tempo esgotado

Tempo escoando. E eu ainda não li seu conto porque estou com trabalho até a tampa.

Mais um pouco e sai pelo ladrão.

Epa! Isso não. </Bia Singer> <!--6:01 PM-->

<Bia Singer> Pai

Sobre seu pai, meu amigo, sabe, uma coisa eu aprendi com a vida: as coisas não estão na nossa mão como pensamos. As coisas sobre as quais achamos que temos controle são merdinhas frente a grandes decisões da vida. A gente não tem força interna. Tem a força que veio de fora e se transformou eu outro tipo de energia dentro da gente. Ou isso, ou a terceira lei da termodinâmica, da ação e reação, é uma grande mentira. E acredito que não seja. Tudo o que age recebe em troco uma reação. A energia se transforma, portanto. Nada se perde, nada se cria, tudo se transforma, e já pulamos para outra lei. E a força que temos hoje um dia veio de fora, numa condição cuja origem nunca saberemos.

Digo isso porque sei qual é sua sensação. Algo que você sempre pensou, algo que você saberia que um dia teria de enfrentar: a presença de seu pai como sombra. Você está longe dele, mas ele está grudado em você.

Sabe, isso só existe na sua cabeça. Esse estrangulamento é feito por suas próprias mãos. Claro que seu pai tem uma certa culpa na história, uma vez que sua sombra praticamente levou as mãos tuas à força contra seu próprio pescoço. Mas você deixou que ele se aproximasse.

É bom passar por situações desse tipo. A gente se conhece melhor, percebe fraquezas e vê que laços fortes se constróem quando nós queremos, e não quando nos obrigam. Amar o pai deve ser algo gratuito, como você bem disse. A partir do momento em que vira obrigação, peso, dor, aparece a sombra do pai, e você se sente obrigado a amá-la, enquanto ela força suas mãos a te enforcar.

Afasta a sobra, amigo. Já que a sombra nada vale à figura em si. O peso que você sentiu por se ausentar da família jamais será transmitido a seu pai, a menos que você o conte.

Você precisa discriminar o que é verdadeiro do que é forjado. O que bate no teu peito do que é socado. O que existe e o que acaba de ser criado.

Pare de fugir e enfrente a sombra, antes que não haja mais meio-dia, e ela se faça presença constante nos seus arredores. </Bia Singer> <!--6:00 PM-->

<Bia Singer> Copy&Paste

Umbiguista que sou, é claro que trechos daqui vão para o I, e também, my friend. </Bia Singer> <!--5:47 PM-->

<Bia Singer> My dearest sarcastic friend,

você está me confundindo. Como sempre. Você é a confusão em pessoa e acaba confundindo todos a sua volta. Como um tornado. Está aparentemente na sua, mas acaba sugando e envolvendo os que estão a sua volta em seu rede-moinho alucinante.

Você tem essa sensação? Porque eu tenho a impressão de que você tem.

Você me manda mensagens pelo blog, e-mails, mensagens pelo ICQ, cada uma dizendo uma coisa diferente e todas elas dizendo coisas chocantes que, obviamente, partiram da mesma cabeça em looping. Às vezes acho que você me escreve e depois de 5 minutos não lembra mais o que escreveu. Às vezes acho que não leva nem cinco minutos para escrever tudo o que escreve. Estou certa?

Eu te amo, tenho um carinho gigante por ti, mas tenho que confessar: você me assusta. Me assusta sem ter a intenção. Me assusta por ser um mar bravo de emoções a que não estou acostumada. Por ser uma torrente química e emotiva que ameaça minha racionalidade e meu simples divertimento hormonal. Não sei se você me capta.

Você é muito mais intenso que eu. Sou uma mera mulher. Talvez não menos mulherzinha que qualquer outra mulher-menina. Talvez mais. Mas a mulherzinha tem uma cabeça que pensa e concatena as frases, tornando seu discurso coerente e incrivelmente lógico. Assim, a mulherzinha acaba sendo uma pessoa "especial", quando não sou mais que coerente. E olha que muitas vezes não faço o menor sentido, mas ninguém aceita isso. Criei uma certa aura em volta de mim de forma que estou condenada a viver como princesa para o resto da vida, mesmo não passando de uma mulherzinha.

O que você vê quando pensa em mim? Que imagem constrói na sua cabeça? Que imagem construiu quando nos conhecemos? Que loucuras você recalcou? Eu sei que houve, por mais que me chame de irmã. Eu sei e você mesmo chegou a me confidenciar. Você diz que poderíamos ficar nús cara a cara que nada aconteceria. DU-VI-DO. Você fala com fome, por mais que diga não ter fome. Eu duvido que tenha falado a verdade. Eu duvido que pense assim. Eu tenho certeza de que iria querer quebrar tabús e pensar no final menos clichê e mais literário para tudo, que é o que a gente faz, cantando e escrevendo, sempre com os punhos do coração. Lembre-se de que coração também bombeia hormônios. </Bia Singer> <!--5:44 PM-->

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