*__Ponte aérea__*
Uma gringa paulista metida a besta trocando cartas confidenciais com um carioca metido a esperto.

sábado, junho 14, 2003

<Bia Singer> a . mor . te

E faz tempo que você não fala de você. Essa página laranja tem rendido laranjadas? É isso?

Quero saber da Carla. Quero saber como ela está. Queria falar com ela. Entender. Talvez até aprender a ser mais dócil, mais meiga, mais controlada. Gostaria de aprender a fechar as pernas. Fechar as pernas em público. Aprender a cruzá-las, como o fazem as moças e as mães das moças, e as mães das mães das moças. Quero cruzar a perna. Mas sempre, sempre sabendo diretinho o caminho para descruzá-las.

E acho que eu também teria muito o que ensinar para sua Carla. Ela tem que me ensinar a ida, eu tenho que lhe ensinar a volta. </Bia Singer> <!--12:01 AM-->

sexta-feira, junho 13, 2003

<Bia Singer> sometimes I play alone

E mesmo tendo ficado meio assim com o que li, ainda tenho uma vontade doentia de te contar absolutamente tudo o que se passa comigo, com minha vida, com meu corpo, com esse coração que já nem é meu, é dele, por usucapião.

Porque as coisas não param de acontecer. Mas descobri que aqui não fico tão nua quanto gostaria de ficar. Não fico tão à vontade.

Preciso te contar que descobri que sou outra pessoa, que acabou de ser apresentada a mim mesma. E eu e eu ficamos melhores amigas e até brincamos juntas de vez em quando. Ela me empresta a mão dela e eu empresto a minha. E a gente brinca muito porque são duas pessoas diferentes morando em uma só. O dobro de sensações. o dobro de gritos alucinados. </Bia Singer> <!--11:54 PM-->

<Bia Singer> meia-noite

E eu resolvi visitar nosso rastreador e descobri que a maioria dos leitores de fora que chegam aqui pelo google estão atrás de "vadia" e "piranha".

Será que eles encontraram? </Bia Singer> <!--11:51 PM-->

<Bia Singer> restos de mim

Meu querido escritor,

Agora quem ficou com raiva de você fui eu. Aquela raiva seguida de arrependimento, seguida de compaixão, seguida de questionamento da compaixão e então seguida de mais raiva e assim ad infinitum.

Foi incontrolável.

Talvez porque você tenha tocado em meu ponto fraco e sou daquele tipo bem detestável que detesta deixar transparecer meus pontos fracos. Outro dia estava no ônibus voltando de uma travessia com o meu moleque, e ele, brincando, disse "sua burrinha". Aí eu ri e não respondi. Aí ele perguntou: "ué, moleca, não ficou brava? Toda mulher fica brava quando é chamada de burra". E eu respondi: "sabe, moleque, é que como eu realmente não sou burra, não tinha como você ter falado isso sem que fosse brincadeira. A não ser que VOCÊ seja muito burro a ponto de não enxergar minha inteligência". Ele riu indignado com a minha resposta, tão cheia de verdades e tão arrogante. Então eu parei de rir. Enxuguei uma não-lágrima, proque afinal de contas nem foi tão engraçado mas eu fiz questão de mostrar que foi, e olhei para ele. Disse: "mas talvez se você me chamar de outra coisa, aí eu poderia parar para pensar se você estaria brincando ou não."

E ele olhou e fez que ia rir, mas como não tinha resposta na minha expressão, resolveu continuar sério, mastigando minhas palavras.

Não sei se com isso você entendeu o porquê de eu ficar puta contigo. Você me chamou de coisas que reluto a aceitar, porque talvez sejam roupas que eu vista e máscaras que eu use, mas não assuma. Como a modelete que fica linda maquiada, mas vai sempre dizer que estava de cara limpa para as fotos. Eu faço minhas estripolias e depois quero que ninguém veja como estripolia e sim como uma farra dos anjos.

Eu sei, eu sei. E odeio que outros saibam. Sinto-me invadida, mesmo sabendo que não se trata de uma invasão. Sinto-me comida sem vontade. Sinto-me estuprada sem o susto, sem o trauma.

Sinto que isso só faz meus ouvidos doerem e doerem e DOEREM até ficar insuportável e insuportavelmente alto o som da minha própria voz gritando "pare de ser tão óbvia".

Aí eu me jogo num canto e não tem música, literatura, água que me anime. Tudo fica mais ou menos mais pra menos. E quando eu descobri as cores berrantes, entre elas as de Frida Kahlo, se é que você entende a extensão do que estou falando, quando as descobri, quis pintar todos os quadros da minha vida, dar vida, dar cor, dar amor a homens que sabem amar e aos que não sabem também. Juntei cores primárias e fiz as secundárias. Com estas fiz outras experiências, e fui agregando. Formei uma rede de cores que, se eu não tivesse a mais sóbria certeza de que estava fazendo o que realmente queria, sem infuência do bedelho de outrem, teria sentado e esperado o peito parar de bater. Não suportaria viver se descobrisse que toda a putaria que já fiz na vida não foi por mim escolhida. Eu escolhi a putaria, não foi a putaria que me escolheu. Disso eu tenho um orgulho, mas um orgulho, que ninguém que não tenha passado por isso conseguiria entender. Eu tenho orgulho das minhas putarias. E continuarei me divertindo, porque isso não me machuca. Isso não. Não isso. Me machuca muito mais o olhar sacana da cobiça que o olhar sacana da luxúria. Me machuca muito mais as categorizações do preconceito.

E você foi preconceituoso e me machucou.

Sabe, meu querido, eu quero o mesmo que você. Quero ser feliz. E eu fico feliz levando a vida que levo. Claro que tenho meus tropeços e pisadas em falso, mas mesmo assim não deixo de andar e até de rir das minhas vinte mãos estabanadas.

Mas, sabe, passou. Eu não sei ter raiva de você. Nunca aprendi. Acho que nem vou aprender. Acho que é porque você me ama demais. E, claro, eu também te amo. Mas, neste caso, acho que não consigo manifestar raiva principalmente pelo seu sentimento em relação a mim. Ele é doce e puro e tem o ar protetor do irmão mais velho que desaparece quando aparece a nudez do homem. Você é homem e é mais homem que muito homem. Você é homem e ama. Amem. Amém.

E quando quiser ver minhas fotos, veja-as aqui. São montes delas. </Bia Singer> <!--11:36 PM-->

quinta-feira, junho 05, 2003

<Bia Singer> blogger sux

Meu querido,

mas como você se mete nessas? Como assim, todos sos e-mail vigiados???

Inventa outro, não é possível. Pare de distribuir senhas. Ou use senhas menos óbvias.

Ou me liga. Tens meu número.

Quero saber disso que quer me falar já há algum tempo. Sou curiosa e ansiosa. Não me maltrate.

Voltarei a escrever aqui em breve. Estou em greve no I,e. Passa lá depois e vê a palhaçada que o blogger fez.

Um beijo só, para depois voltar e mandar mais. </Bia Singer> <!--4:30 PM-->

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